As constantes ameaças entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul criaram
todo tipo de fantasia sobre os países e seus líderes, inclusive aquelas
alimentadas por eles mesmos. Confira algumas verdades, mentiras e
suposições mais repetidas sobre um conflito que já dura mais de 60 anos.
As duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra, pois a Guerra da
Coreia de 1950-53 terminou com um armistício, e não com um tratado de
paz.
MENTIRAS
Alcance dos mísseis
O governo norte-coreano ameaça quase diariamente lançar um ataque
nuclear contra os Estados Unidos. O problema é que o país carece de
tecnologia para realizá-lo. O mais potente de seus mísseis, o
Taepodong-2, tem alcance máximo de 6.000 quilômetros, suficiente para
chegar a duras penas no Alasca. Utilizar bombas atômicas contra a Coreia
do Sul seria dar um tiro no pé: as capitais Pyongyang e Seul estão a
menos de 200 quilômetros de distância.
Loucura estratégica dos líderes
A imagem de um líder irracional com o dedo no botão nuclear resume
muitas das análises das lideranças norte-coreanas. Mas as decisões do
falecido Kim Jong-il e agora de seu filho Kim Jong-un sempre foram
estratégias, a ponto de lhes garantir ajuda externa e uma posição forte
na hora de negociar. Os dirigentes conduzem com perfeição a arte da
tensão na península coreana, elevando-a e reduzindo-a de acordo com os
interesses do momento.
Comunismo
A Coreia do Norte tem uma legião de fãs no Ocidente, a maioria
convencidos de que o país é o último lugar onde se aplica o comunismo
puro. Na realidade, o país está controlado por uma elite que vive
rodeada de luxos que são proibidos aos cidadãos. A ideologia marxista é
secundária em um sistema que combina dinastia hereditária,
ultranacionalismo e resquícios fascistas que influem conceitos como a
pureza e a superioridade da raça coreana.
VERDADES
A guerra
O fato de não existir perigo de enfrentamento nuclear não significa
que a Coreia do Norte não tenha capacidade de criar um conflito de
consequências imprevisíveis. Seus mísseis podem chegar a Tóquio e a Seul
em minutos, forçando uma intervenção dos Estados Unidos. A China, o
principal aliado da Coreia do Norte, se veria obrigada a defendê-la,
como fez na Guerra da Coreia, que começou com a invasão da Coreia do Sul
por tropas norte-coreanas. Apesar de Pyongyang não descartar a
possibilidade de unificar a península, é improvável que tente.
O país mais fechado do mundo
Ainda que nos últimos anos ocorreram várias mudanças, a Coreia do
Norte continua sendo o país mais fechado do mundo. A tímida abertura
econômica, a chegada de telefones móveis e o aumento da oferta de
treinamentos na capital não mudaram a natureza totalitária do regime.
Seus cidadãos não podem sair do país livremente e todos os aspectos da
vida estão controlados: onde vivem, em que trabalham e, inclusive, que
corte de cabelo usam. O mínimo desvio pode levar à prisão.
Fome
A Coreia do Norte conseguiu desenvolver armas nucleares, mas tem
dificuldades de alimentar sua população. Várias crises de fome já
mataram centenas de milhares de pessoas. A maioria dos recursos
nacionais é desviada para as forças armadas dentro da política conhecida
como o "exército primeiro".
Rede de gulags
Ex-presos, dissidentes e antigos funcionários de prisões confirmam
que a Coreia do Norte mantém uma rede de gulags, onde poderiam estar
presas mais de 200 mil pessoas. Pyongyang aplica um conceito de
repressão conhecido como "responsabilidade compartilhada": não só a
pessoa acusada, mas familiares e amigos também são detidos. A maior
prisão do país tem cerca de 50 mil presos. A evidência de sua existência
levou as Nações Unidas a iniciar uma investigação.
Texto extraído de: O Globo
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